sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Deveria ter comprado um Fusca na 6a feira passada

Ou ainda melhor, deveria ter comprado ações da alemã Volkswagen e ter esperado para ver uma das sequências de acontecimentos em cadeia mais bizarras que já observei nesses anos de labuta no mercado financeiro (a história deu na Economist.com, o oba-oba eu acompanhei na minha tela mesmo).


Não comprei, não ganhei mas poderia ter sido bem pior, algo como o que ocorreu com algumas dezenas de Hedge Funds e talvez até bancos de investimento que nas últimas semanas, vendo as empresas automobilísticas americanas piorarem ainda mais seus números e perspectivas, tomaram alugadas 13% do total de ações emitidas da montadora e as venderam apostando que também a VW não resistiria à nova realidade que se abate sobre todos os terráqueos. Essa "mamata" lhes custaria mais de 15 bilhões de dólares, mas continuemos...


Estaria tudo certo e fácil se não fosse a Porsche, dona anteriormente de 35% da VW, ter disparado no domingo, um comunicado sobre o aumento de sua participação na empresa para 42%, com o agravante que através de opções de compra também adquiridas, ela pode aumentar essa fatia para até 74% das ações da criadora do Fusca. Imagine que com uma notícia dessas, e estando a Porsche muito bem obrigado, qualquer um que tivesse vendido as ações da VW sem possuí-las, teria rapidamente comprado-as de volta na 2a feira e ido pra casa sem maiores problemas, porém...


Esse conjunto de "espertos" havia vendido sem ter a posse, algo como 13% de todas as ações existentes de VW, o que você já imagina como sendo uma enorme quantidade de ações para serem recompradas, e você está certo. Agora adicione ao caldeirão, o fato de que a VW tem ainda outros grandes acionistas que em conjunto com a Porsche detêm 94% de todas as ações disponíveis da empresa. Qual o sabor dessa sopa?


Muito amargo. Na 2a feira essa turma toda, em pânico, foi comprar o dobro de todas as ações que o mercado minoritário poderia vender, sem falar que não necessariamente esses 6% estavam disponíveis para compra. O preço das ações da VW que havia fechado na 6a a EUR 211, disparou (ah vá!!!), obrigando que mais fundos que estavam na mesma situação, mas que normalmente esperariam, terem que ir também às compras, no que chamamos de ordem do tipo "parar o prejuízo".


Não é necessário dizer que no dia seguinte, no estilo carnavalesco "unidos iremos pro buraco" essa manada em disparada fez o preço das ações da VW bater mais de EUR 1.000, ou seja, 5 vezes o preço da 6a feira e fazendo a VW figurar como a empresa mais valiosa do mercado, passando a Exxon, o que se explica por ter quintuplicado seu valor de mercado em 2 dias. Agora eu pergunto: O que aconteceu depois disso, quando a própria Porsche resolveu dar liquidez em ações da VW para acalmar o mercado? Aquilo que qualquer pessoa meramente inteligente saberia, que o preço despencaria querendo buscar os EUR 200 em breve.


Ler essa sequência de singelos fatos chega a ser divertido, mas para os administradores das carteiras que estavam vendidas em VW, digo a eles que sei que dor é essa, sei bem como se sentem e sei como estão se perguntando de onde veio o caminhão que os atropelou.


Mas não foi um caminhão, foi uma Porsche.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Não ligo para o Gugu faz um tempão

Nossa amizade continua firme mas é que desde que a crise começou, fiquei imaginando que o Gugu deve estar bem irritado, não apenas porque tem que passar pelo mesmo apuro que qualquer investidor está passando mas ainda piorado, pois o Gusio viajou, o Pit saiu para o Brazil, e eu, bem, estou aqui pensando se devo ligar ou não.

Vou ligar pra ele e dizer: Gugu!!! Segura firme, a crise tem começo, meio e fim, e mesmo que o fim não esteja exatamente onde gostaríamos, ele vai chegar, aliás, quem já não ouviu que no final tudo dá certo e que se não deu certo ainda é porque não chegou ao fim???

Vou dizer pra ele que a economia real vai sofrer mas tem um monte de empresários comemorando a alta do dólar pois vão finalmente lavar a égua que por tanto tempo pastou lá pros lados da China, que o diga a turma que produz brinquedos, que voltará a produzir uma boa parte dos brinquedos que até outra dia importava, a turma dos calçados, bolsas e correlatos lá de Franca e região. Enfim, todo empresário sério e capaz que aproveitou pra surfar a onda do dólar baixo e atualizou seus parques fabris ou ainda investiu na diversificação de produtos e clientes e diluirá com mais tranquilidade a falta de dinheiro aqui ou ali. Parabéns pra eles!

Meu amigo, sabe essa água azul turquesa do mar que você vê todo dia? Então, esse marzão bonito sempre me recordou que depois das tempestades, podia até demorar, mas o céu voltava a ser azul e as águas se acalmavam novamente (sei que é fácil dizer isso quando se olha a tempestade sentado no deck ao lado da piscina do condomínio), mas todos nós sabemos que isso é verdade, então, respira fundo, anota a lição aprendida e mantém o timão no rumo traçado.

Amigão, mais cedo ou mais tarde o nome Matisse vai ser apenas a feliz recordação do artista francês de nome Henri ...

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Não é que Deus é brasileiro mesmo?

Obviamente eu sempre olhei com desdém quem falava tal coisa sobre nosso Criador, especialmente porque sempre me pareceu lógico que Ele tem que cuidar de todo o universo, sobrando muito pouco tempo para problemas tupiniquins que desde séculos já se sabe como resolver mas não tenha quem reúna vontade política suficiente para fazê-lo, e se reúne essa vontade, não reúne o apoio necessário para aprovar no Congresso. Aliás, com um Congresso como o nosso, difícil que qualquer um, muito menos Deus, queira acompanhar de perto o que ocorre em nossa terra, mas eis que...

O executivo-chefe do Citibank, comentando sobre a situação bancária em seu país e comparando com a nossa, afirma: "Começo a acreditar que Deus é realmente brasileiro." (Revista Veja). Eu achei o máximo ler isso, e me perguntei a razão disso.

O pensamento reinante no mundo agora é o da crise e obviamente que já contagiou cada uma das mentes, as pensantes e as não, e nos enfia naquela espiral descendente que tem como fim a depressão de ânimo. Deveria ser a hora de buscar os estímulos naquilo já conquistado, como por exemplo a solidez da arquitetura de nosso sistema financeiro atual, fruto óbvio de muitos esforços desde 1994 para estabilizar a moeda e para o melhor funcionamento do sistema.

Ver alguém de calibre, e não me venha dizer que por conta da situação do Citibank esse cara não tem muita moral pra falar nada, elogiar nossa economia, me faz sentir o orgulho de saber que para ser melhor e ser mais feliz, ninguém precisa fazer o outro pior, ninguém precisa diminuir os demais, pois apesar de ter minhas prevenções à cultura americana, respeito muito a capacidade que eles tem de fazer business, fazer a economia rodar, portanto, meu orgulho é justo.

Ta aí o americano, reconhecendo finalmente o que todos nós já sabíamos.

domingo, 26 de outubro de 2008

A vingança do cheque sem fundos

O americano recebeu um aviso do banco sobre um cheque dele que havia voltado. Ligou imediatamente para seu gerente e soube que o motivo da ocorrência era "insuficiência de fundos", para o qual indagou prontamente: "Minha ou do banco????" ...

Recebi esse email ontem e vis-a-vis a situação atual, achei muita graça. Não, não estou fazendo graça em cima da desgraça alheia, primeiro porque compartilho dela, e segundo porque um dia vamos rir mesmo é das inúmeras teorias pra explicar o que teria sido melhor fazer nesse momento em que instituições financeiras e fundos de investimentos que a despeito de histórias até centenárias, capitularam frente o caos reinante nos mercados. O que me chamou a atenção sobre essa piadinha foi outra coisa.

Não é formidável a capacidade que temos, embora nem sempre consigamos utilizá-la, de diminuir a importância dos problemas que nos afligem e valorizar acima de tudo as coisas boas que a vida continua nos brindando apesar de nossa inconsciência e muitas vezes até ingratidão? Pois é, nessas horas que recebo e envio adiante uma piadinha dessas me vem essa clareza de que existem coisas na vida que devem ser cultivadas constantemente, pois são valores permanentes pra vida e não "valores" negociados em Bolsa. Meus amigos sabem bem do que falo.

Isso te fez pensar ou recordar algumas coisas importantes na vida? Que bom, então serviu para nós dois. Ah, não? Então vai lá, volta a acompanhar as cotações na Ásia para tentar prever como operará o mercado amanhã... (rsrs)

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Oba! Amanhã é sábado, a Bolsa não vai cair!!!

Se você conseguiu rir de uma piadinha como essa, dita hoje depois da Bovespa acumular mais de 50% de "perca" no ano, das duas uma, ou você lembrou da foto que mandaram junto com essa frase e é justa sua risada, ou você ri de nervoso imaginando o que esperar da próxima 2a feira.
Relaxe, você não está sozinho. Pensei a mesma coisa quando escrevi o título desse post, e eu também ri de nervoso...
Para que nós dois esqueçamos do stress acima, e pra que você não pense que não sei escrever a palavra "perda", entenda que se você tivesse trabalhado anos e anos com o Bona, você teria adquirido também alguns hábitos um tanto peculiares, como por exemplo, que a palavra que descreve a queda de valor de um ativo é "perca", aplicada então à qualquer situação que se enquadre. Exemplo de aplicação: "A perca da bolsa excedeu os registros históricos."
Não me pergunte o porquê dessa e outras tantas "adaptações" que me vi obrigado a fazer para não levar uma bronca dele durante esse tempo. Tenho medo das que já incorporei e que não tenho mais condição de saber se é correto usar ou não!!! A Zirta, a Rosicleide, o Savilaine e o Lixo não me deixam mentir.
O quê? Você pensou que eu ia mesmo comentar sobre o mercado? Prefiro indicar um dos tantos "experts" que ano após ano acreditam que podem prever o que acontecerá no dia seguinte.
Como disse o Pit hoje após eu descrever uma pequena desgraça: "Pelo menos você ri de tudo isso."