Mostrando postagens com marcador crise dos bancos americanos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador crise dos bancos americanos. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 14 de abril de 2009

Everlasting Globstopper

Engraçado como as experiências que a vida nos permite planejar, ou ainda, as que não planejamos, mas mesmo assim podem tornar-se um bom campo experimental para nossas reflexões, acabam por ser um tipo de “Everlasting Gobstopper” (ou você não se lembra daquela bala colorida que a pessoa colocava na boca e que nunca acabava, criada pelo sensacional Willy Wonka? Não, então "clica"no título dessa postagem pra você refrescar sua memória). Tudo bem se você não tem idéia do que estou falando, o importante é que você se identifique com essa sensação de aprendizado constante, de preferência quando tomamos gosto pela matéria ensinada.

A matéria em questão é o mercado financeiro em suas evoluções ao longo do tempo, nossa colocação frente a essa realidade e as novas lições aprendidas. Uma ressalva que faço por ter sido necessário incorporá-la à vida para poder seguir aprendendo, é de ter a humildade sincera de quem acredita que sempre pode aprender algo mais.

Pensei muito nas últimas semanas antes de escrever essa postagem, mas penso que a hora é propícia por poder contar, no caso dos leitores/investidores, com as mentes já liberadas dos pensamentos de terror que tivemos que enfrentar bravamente nos últimos 12 meses (ou quase isso).

Se formos reler as postagens anteriores poderíamos construir um gráfico e acompanhar o comportamento do mercado pelo tom das várias conversas que tive com clientes, amigos e pessoas que trabalham nessa área. Tenho certeza que seria um gráfico muito similar ao que o índice da Bolsa de SP realizou.

Essa observação por si só deve ser suficiente para nossas reflexões considerarem o quanto ainda somos subjugados pelos pensamentos, ainda que nossa vontade lute contra essa influência. Também será vital considerar que o mercado financeiro é uma representação cabal e fidedigna do mundo mental que nos interpenetra em todos os campos da vida. Muitos fazem novelas ou escrevem livros a esse respeito, nós não precisamos ir além daqui para comprovar isso.

Como gestor de recursos, especializado em gestão de ativos de renda-variável, sou chamado a opinar sempre sobre o futuro, seja um minuto, um dia ou um ano. É claro que “previsão” é apenas o que o próprio substantivo sugere, mas como muitos querem ganhos fáceis e de preferência rápidos, surgem ouvidos para qualquer tipo delas, e ganham especial atenção aquelas que sugerem um cenário em linha com o que a mente de cada um projetou.

Não apenas pelas postagens em que relatei muitas dessas “consultas”, mas especialmente pelos extraordinários últimos doze meses que vivemos, você pode imaginar que passei por um período de intensa atividade profissional, além de ter sido a primeira vez em que tive que rever em um período tão curto, cada um dos meus conhecimentos financeiros e colocá-los mais uma vez sob a lupa da razão, afim de que eu pudesse contar com a segurança de estar navegando com a ajuda de instrumentos precisos e rigorosamente imantados ao “Norte” que tem me guiado em todos esses anos.

Já falei em outras ocasiões sobre esse Norte, sobre os instrumentos que utilizo para seguir meu rumo e qual tipo de navegação tenho feito. Penso que nesse momento vale a pena reler duas postagens, na verdade a parte I e II de um pensamento que contempla os conceitos que reafirmo
acima.

O bom de escrever e publicar a própria opinião é que além de exercitar a capacidade de criar novos pensamentos, é possível afirmar que em certa altura meu pensamento era tal ou qual, ainda que me reserve o direito, inalienável a cada ser humano, de ir superando minha compreensão sobre todos os aspectos da vida, para o qual recordo o leitor que não se assuste se for observando essa feliz realidade ao longo do tempo em que me acompanha aqui no Blog.

Considero então que nós já passamos pelo pior da crise financeira, não excluindo a alta volatilidade que ainda veremos perpetuar-se no mercado por um bom tempo. Por entender assim, é hora de avaliar o que vivemos nesse período e ver se há alguma nova lição para aprender, ainda que o mercado não tenha voltado aos preços pré-crise.

O panorama que devemos analisar é o seguinte:


O gráfico mostra 12 meses findos hoje, 14 de abril de 2009.

E agora, caros leitores, eu posso pedir para que cada um faça um exercício de reflexão com esse gráfico, levando em conta o que cada um tem aprendido nesse mundo financeiro e delinear algumas das lições dadas nessa aula que ainda nem terminou?

Obviamente que o melhor é se cada um de nós fizer esse movimento mental, para que possamos unir os pontos e aprender, juntos. Se lhe parece bem, volto em alguns dias com as minhas observações. Você, clique no botão "X comentários" abaixo e registre, por favor, sua opinião.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Sobre o "erro crasso"

Conheci muitas pessoas, incluindo a mim mesmo, que em determinado momento da vida fizeram uma ou mais daquelas bobagens que a razão julga tardiamente como erro ingênuo, tosco ou primário.

Por exemplo, quando na primeira viagem aos Estados Unidos eu dava com a cara no vidro toda vez que puxava uma porta com o intuito de abri-la, apenas porque a mente não conseguia se acostumar com o ato de empurrar ao ler a palavra “PUSH”. Tá bom, talvez o exemplo seja ingênuo demais.

Que tal então aquela corridinha para entrar no elevador embora a porta esteja começando a fechar, mas a gente sempre acha que vai dar e acaba ficando com aquele sorriso amarelo no intuito de passar a impressão que não doeu nada, que mal sujou de graxa a camisa quando as portas fizeram sanduíche de você? Ainda é um exemplo simples, mas se você riu, bem-vindo ao clube dos que já passaram por esse “aperto”.

Agora ao exemplo atual e revestido de interesses financeiros. Não vi apenas um, vi vários conhecidos, que ao longo dos últimos meses permitiram-se acreditar que tudo o que vinham compreendendo e consagrando como certo no mercado de capitais estava, do dia para a noite, errado. Era como se a ciência que trata da oceanografia tivesse que ser totalmente reescrita após a passagem daquele tsunami que varreu o Oceano Índico anos atrás, ao invés de ter esse fenômeno estudado e acrescentado ao vasto cabedal daquele ramo do conhecimento.

O que parece óbvio não é a resposta universal para todas as perguntas. O fato de que muitos estavam vendendo quaisquer ações e outros ativos financeiros a qualquer preço não indicava um comportamento racional ou premeditado. Ao contrário, sabemos que parte disso respondeu principalmente à necessidade de gerar liquidez (dinheiro) no menor prazo possível. A outra parte foi por conta do pânico mesmo.

Observei algumas pessoas que por conta do que os jornais retratavam para aquele mês ou período, projetaram aquela “foto” como válida para toda a vida e assim se portaram com seus investimentos, vendendo barato o que haviam comprado quando estavam “certos” de seu valor futuro.

Um pouco de história e conhecimento, de acordo com inúmeras fontes que consultei, pode nos ensinar muito. Você descobrirá que conhece algo sobre uma época romana, ou pelo menos, refere-se a uma passagem de sua história com freqüência, ou você nunca disse: “isso foi um erro crasso”. O mais surpreendente é que se sabe muito sobre esse fulano que deu origem à expressão citada acima.

Eu li que em 59 A.C, o poder em Roma foi dividido entre Júlio César, Pompeu Magnus e Marco Licinius Crasso. Este último era mais conhecido pela sua riqueza do que por seu talento militar. Júlio César conquistou a Gália, Pompeu dominou a Hispânia e Jerusalém. Crasso precisava mostrar sua teórica inteligência militar e decidiu que como prova de tal inexistente aptidão conquistaria os Partos, um povo persa cujo império ocupava, na época, boa parte do Oriente Médio.

Comandante de sete legiões romanas, famosas desde sempre pela dedicação em batalha e temidas em todas as partes do mundo de então, Crasso confiou demais na superioridade numérica de suas tropas. Abandonando as táticas militares romanas, ignorando as lições aprendidas em séculos, deu ordem para que os 50 mil legionários avançassem por um estreito vale que provia nenhuma vantagem militar, pelo menos não para quem decidisse se espremer nele. Na ânsia de chegar logo ao inimigo decidiu a sorte da batalha.

Os orientais fizeram como eu sempre fazia quando jogava “WAR”, concentraram suas tropas nas saídas do vale, no ponto onde podiam oferecer muito poder de fogo contra uma parte pequena do inimigo que avançava.

Ocorreu o óbvio, o exército romano foi dizimado. Consta que quase todos os 50 mil soldados morreram, incluindo o “exímio general” Crasso.

Tamanho erro feito por Crasso virou, em várias línguas, sinônimo de estupidez.

Continuando, nas últimas semanas começam a despontar no horizonte ainda distante a leste, os primeiros sinais de que após a tempestade o céu tende a se acalmar, e que eventualmente, no tempo certo até veremos o azul celeste, afinal, os processos do universo sofrem o impacto de muitas “imprevisibilidades”, mas como tudo que existe nele, os elementos se adaptam e reiniciam seus movimentos habituais e naturais.

O caminho fácil é deixar-se seduzir pelas imagens que os outros nos apresentam. O difícil é manter-se isento e praticar o superior ato de pensar por si mesmo, maneira pela qual, muitas mentes conseguem atingir objetivos que aos olhos dos demais parecem extremamente difíceis.

Foi um erro crasso praticado por aqueles que deixaram levar-se pelo pânico, rasgar o conhecimento acumulado durante anos no mercado de capitais simplesmente porque parecia muito mais fácil do que se colocar a pensar sobre o que de fato estava acontecendo. Tenho um amigo que se lamenta disso todo o dia, vendo o mercado recuperar um considerável trecho do terreno perdido embora ele não tenha mais as ações em carteira.

Ninguém pode dizer quanto tempo levará para a economia mundial recuperar-se, mas nem por isso precisamos ignorar os conhecimentos básicos que determinam o ir e vir da economia real, onde a riqueza é criada e onde estão as maiores oportunidades de investimento.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

O "morto-vivo", realidade ou ficção?

Como primeira postagem do ano, vou propor algumas reflexões sobre uma vivência que eu tive. Considere a possibilidade de ver a si mesmo na situação que vou descrever, não em relação ao mercado financeiro, ou melhor, não apenas sob esse enfoque.

Pois bem, sobre a pergunta do título, eu não queria estragar a surpresa afirmando que a resposta correta é “realidade”, mas como acabei falando com um deles na semana passada me senti na obrigação de fazer tal revelação.

A fisionomia da personagem citada não parecia em nada com a dos zumbis dos filmes de terror que evitei a vida toda, muito menos acho que algum diretor de Hollywood tenha vestido os tais mortos-vivos com as roupas caras que vestia o meu conhecido. Importante entender que essas diferenças cosméticas não me impediram de ver a grotesca semelhança.

Iniciou a conversa daquela manhã naquele tom de voz de vilão de novela passando conversa fiada no sogro milionário com o objetivo de conseguir a benção para casar com a bela e inocente filha. Introduziu o assunto com a seriedade exigida quando se vai demitir alguém ou informar um parente sobre o estado terminal de saúde do paciente. (Incrível o que imagens analógicas constroem em nossas mentes, não?)

Anunciava-me, enquanto estendia as mãos querendo sugar-me para o mundo dos mortos, que a economia sucumbiria em breve com os conseqüentes efeitos no mercado financeiro, e como que para dissipar qualquer dúvida que por ventura eu tivesse, recordou-me que naquele instante a Bolsa de Valores caia mais de 2%. Sua irmã havia relatado alarmada que a empresa da qual ela é dona havia vendido só 5% a mais que no mesmo mês do ano anterior, muito abaixo do que previa vender neste último Dezembro. Obviamente que nesse relato ela omitiu o fato de que no acumulado dos últimos doze meses ela deve ter vendido muito mais do que em 2007. A mente de meu amigo havia sucumbido aos pensamentos de terror. Estava “morto”.

Entenda que para alguém como eu, que passa o dia lendo relatórios sobre economia e empresas, que freqüenta reuniões e conferências sobre o mercado acionário, que contata diretamente os departamentos de relações com investidores das empresas e atende às suas apresentações, o cenário que ele traçava era exatamente o que todos nós no mercado sabíamos que iria acontecer quando essa crise atingiu seu ponto máximo e cortou o fluxo financeiro para a economia real, ou seja, uma forte freada na economia brasileira. Ainda assim, que semelhança tem isso com o cenário catastrófico que algumas pessoas têm tentado difundir para nós? Pouca e débil semelhança.

Já aprendi que na vida, em qualquer de seus aspectos, toda interrupção é um retrocesso, sendo inevitável observar tal verdade no que diz respeito à economia ou finanças, mas assim como após um retrocesso nós colocamos as melhores energias para retomar o terreno perdido, o mundo está se posicionando para tal, com cada uma das medidas possíveis sendo tomadas para que essa retomada não demore muito para acontecer. Vai demorar um pouco, resultado inerente do processo de causas e efeitos que rege o universo com ou sem nosso conhecimento.

Embora eu não vá tratar novamente de muitos pontos já apresentados em outras postagens deste blog, sobre a dinâmica da economia real e sobre o mercado, é necessário reafirmar o que já disse antes, que cabe a cada um de nós escolhermos sob qual lente examinará a realidade do mercado financeiro e viver as conseqüências de tal decisão. Eu posso dizer por mim e pelos que tem compartilhado dessa compreensão, que mesmo vivendo a maior crise financeira que o mundo viu no tempo moderno, estamos serenos em nossos objetivos, transformando a crise em uma grande oportunidade. Fácil de realizar não é, mas como diz a sabedoria popular, o que vem fácil, fácil se vai.

Nosso amigo, zumbi por opção, ligou-me novamente ao final da tarde, e como em um passe de mágica a Bolsa havia virado e naquele instante subia quase 3%, a primeira coisa que me perguntou foi “será que estou errado?”.

Para não alongar o relato, recordei-o que embora estejamos vivendo na economia real o que o mercado já precificou três meses atrás, por outro lado estamos vendo a montagem de um cenário que tem grande chance de ser a maior corrida por ativos de risco que o mundo já viu nas últimas décadas, cenário que tem seu fundamento na enorme pilha de dinheiro que os fundos e demais investidores montaram com a venda de tantos ativos recentemente. Existem alguns fatores que são como marcos que precisam ser atingidos para disparar tal corrida e como eles não serão atingidos tão cedo, até lá o mercado continua refém dos zumbis.

Fiquei pensando se não somos um pouco zumbis em outros aspectos da vida, oscilando entre estados de ânimo tão diferentes que até pareceriam com o calor e o frio, ou com a vida e a morte.

É preciso encontrar essa lente que nos permita passar pelas crises que a vida sempre apresenta e transformá-las em algo útil. Penso que é hora de nos levantarmos contra o domínio dessas correntes mentais que querem impor um estado de sítio na mente humana, impedindo-nos de exercer o saudável exercício de pensar, de razoar, de julgar e formar nossas próprias conclusões, de buscar em cada experiência difícil, o elemento que faltou para que acabasse diferente.

Meus votos são de que 2009 seja o ano em que cada um de nós possa conquistar mais essa condição, humana por excelência, realizável pelo esforço, de ser cada dia mais o dono de seus pensamentos, forjando um futuro melhor para si e para a humanidade.

domingo, 26 de outubro de 2008

A vingança do cheque sem fundos

O americano recebeu um aviso do banco sobre um cheque dele que havia voltado. Ligou imediatamente para seu gerente e soube que o motivo da ocorrência era "insuficiência de fundos", para o qual indagou prontamente: "Minha ou do banco????" ...

Recebi esse email ontem e vis-a-vis a situação atual, achei muita graça. Não, não estou fazendo graça em cima da desgraça alheia, primeiro porque compartilho dela, e segundo porque um dia vamos rir mesmo é das inúmeras teorias pra explicar o que teria sido melhor fazer nesse momento em que instituições financeiras e fundos de investimentos que a despeito de histórias até centenárias, capitularam frente o caos reinante nos mercados. O que me chamou a atenção sobre essa piadinha foi outra coisa.

Não é formidável a capacidade que temos, embora nem sempre consigamos utilizá-la, de diminuir a importância dos problemas que nos afligem e valorizar acima de tudo as coisas boas que a vida continua nos brindando apesar de nossa inconsciência e muitas vezes até ingratidão? Pois é, nessas horas que recebo e envio adiante uma piadinha dessas me vem essa clareza de que existem coisas na vida que devem ser cultivadas constantemente, pois são valores permanentes pra vida e não "valores" negociados em Bolsa. Meus amigos sabem bem do que falo.

Isso te fez pensar ou recordar algumas coisas importantes na vida? Que bom, então serviu para nós dois. Ah, não? Então vai lá, volta a acompanhar as cotações na Ásia para tentar prever como operará o mercado amanhã... (rsrs)