Ainda nem esfriou a outra postagem sobre Deus ser ou não brasileiro (ver postagem de 27/outubro), já comecei a ouvir novos comentários nos meios de comunicação sobre nossa acelerada caminhada para juntarmo-nos ao time dos países condenados, já que a crise não só chegou à nossas terras como causou os primeiros estragos. Será que Deus não era mesmo brasileiro?
Apenas nas últimas três semanas, a quantidade de dados econômicos e entrevistas publicadas dão o correto tom do ambiente mental em que submergimos, o que não é para surpreender ninguém que acompanhe com atenção o que acontece na economia real. Mas volto a repetir, ficou muito forte no mundo mental o pensamento do pessimismo. O que temos para apresentar em contrário? Algumas observações daquelas que provam a regra do "eu só vejo o que quero, ou o que os pensamentos me mandam ver".
Ligaram-me alguns clientes e amigos nos últimos dez dias com o discurso que o mercado estava cada dia pior, que não aguentam mais ver o mercado cair, que parecia não ter fim o sofrimento, e etc. Vou ser sincero, eu tive a mesma sensação de que o mercado estava piorando nas últimas semanas e que vinha caindo mais ainda, até que fui aos gráficos e tabelas históricas para saber o quanto daquela sensação estava estampada nos preços. Conclusão? Fazia quase dois meses que a Bovespa oscilava bastante mas não saia do patamar dos 35 mil pontos (não que esse patamar queira dizer algo), ou seja, nos últimos dois meses não só os preços não mais se deterioraram como estavam ainda querendo recuperar algum terreno, o que algumas ações conseguiram fazer timidamente à custa de outras, é claro.
Foram nessas últimas semanas que vieram à tona alguns dos piores indicadores econômicos que o mundo viu na atualidade, alguns deles rivalizando com crises já centenárias. Foi nesse mesmo período que "caiu a ficha" para a maior parte dos brasileiros. Então o que aconteceu para a manutenção desse patamar e que ainda permitiu a recuperação desses últimos dias?
Simples. Não se esqueça do que você ouviu quando era criança, que a Bolsa sobe no boato e cai no fato. Ora, se isso é verdade para um mercado que opera entre outras coisas, expectativas, o oposto precisa ser verdadeiro, e assim sendo, é sensato afirmar que o movimento que segurou a Bovespa naquele patamar por quase dois meses, impedindo uma queda maior, é o resultado de uma mudança, ainda que contida, no foco do observador, que deixou de olhar para os próximos seis meses e passou a mirar o segundo semestre de 2009 e adiante.
Não se embriague com o perfume doce desse otimismo em relação ao futuro pós seis meses, ele é sensato e fruto de uma análise realista, mas o mercado ainda sofrerá a pressão vendedora de muitos outros indicadores que serão divulgados nos próximos meses, tanto os de economia como os de resultado das empresas. Ué, agora te confundi, né? É para ser otimista ou pessimista?
É para ser realista, é para manter o rumo traçado e o olho na bússola. Vamos ter ainda muitas trovoadas, vamos ter mais encrencas nas economias reais dos países desenvolvidos e algumas na nossa, mas uma coisa ninguém pode esquecer. O mundo nunca realizou uma ação coordenada que lembrasse em pequeno esse gigante esforço governamental que estamos vendo nos quatro cantos. Nunca se planejou ou se preparou uma injeção de dinheiro novo como o que está sendo introduzido a partir de agora (muitos dos pacotes anunciados demorarão meses para serem aplicados efetivamente).
Ninguém sabe ao certo as consequências que essa montanha de dinheiro, direto e indireto, terá quando a crise passar. Talvez gere uma crise oposta, trazendo a necessidade de outras medidas para lidar, por exemplo, com o endividamento público que aumentará em muitos países agora. Outros problemas serão apontados e enfrentados oportunamente.
E se não bastassem as boas perspectivas para o longo prazo, para pós-crise, de quando em quando somos brindados com uma injeção de segurança, de sensatez e honestidade para com o povo brasileiro.
Estou falando do COPOM, que mais uma vez resistiu à bravata dos mentecaptos que não se cansam de pedir a queda do juro, como se a alta taxa com a qual o governo remunera o dinheiro que toma emprestado do mercado fosse fruto da má intenção de alguém. Parabéns aos membros do COPOM, que com essas atuações corretas, de acordo com o mandato que o povo avalizou, tem permitido que o país continue a gozar da boa reputação financeira e creditícia que tem.
Quem ainda duvidava se Deus era mesmo brasileiro, não tenha mais dúvidas. Ele não só é brasileiro como tem assento e direito a voto no COPOM!
Mostrando postagens com marcador deus é brasileiro. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador deus é brasileiro. Mostrar todas as postagens
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
Assinar:
Postagens (Atom)